ASN ES
Compartilhe

Empreendedores capixabas implantam soluções sustentáveis em seus negócios

Pequenos empreendedores mostram que é possível aliar crescimento econômico à sustentabilidade
Por Marta Moreira
ASN ES
Compartilhe

De soluções ecológicas a modelos de produção responsáveis, pequenos empreendedores mostram que é possível aliar crescimento econômico à sustentabilidade. É o caso da Ciclo, empresa que, no lugar do plástico “virgem” excedente da produção do material, utiliza o produto pós consumo como matéria-prima, ou seja, o material que foi de fato utilizado e descartado no meio ambiente, para dar vida a outros produtos, como sacos, sacolas plásticas e bobinas, entre outros.

Com produção que chega a 60 toneladas por mês, a Ciclo recicla aproximadamente 720 toneladas de plástico por ano, volume que representa cerca de 120 caminhões de lixo a menos no aterro sanitário carregados somente com plástico.

A Ciclo recicla aproximadamente 720 toneladas de plástico por ano. Crédito: divulgação

A atividade de reciclagem de plástico da empresa teve início nos idos da década de 1980 com Aloisio Barros, um dos atuais sócios da Ciclo, e um antigo parceiro, que à época já começavam a explorar a arte de reciclar materiais. “Após a criação da nova organização, a Ciclo começou as suas atividades entre 1998 e 2000”, explica Pedro Paulo Barros, gerente geral da empresa.

Sustentabilidade de ponta a ponta

O conceito de sustentabilidade está presente na empresa de maneira transversal, permeando todo o seu processo produtivo desde a década de 2000, quando começou a se estabelecer comercialmente como negócio sustentável. O compromisso com o meio ambiente pode ser observado na redução da necessidade de extração de petróleo, na geração de renda para a comunidade local e na contribuição para o aumento da vida útil dos aterros sanitários.

“Ao invés de usarmos petróleo para fazer uma nova sacola de supermercado, por exemplo, evitamos que o plástico pós consumo vá para um aterro sanitário ou para o mar, reciclamos esse material e produzimos um novo saco para supermercado, por exemplo”. Desse modo, a Ciclo foi se estabelecendo no mercado como uma empresa de balanço ambiental positivo, que, segundo Pedro Paulo, significa ser uma entidade que deixa o meio ambiente menos poluído do que ele já estava.

Na Ciclo, o plástico pós-consumo dá vida a novos produtos, como sacos para resíduos e sacolas plásticas. Crédito: divulgação

Focada em se estabelecer como empresa com balanço ambiental positivo – negócios que contribuem para deixar o meio ambiente menos poluído do que já estava -, entre as décadas e 2010 e 2012, a fábrica original foi desativada e uma nova, com o intuito de ser mais ambientalmente correta, foi projetada e construída.

“A nova estrutura conta com coleta de água de chuva, com uma reserva de meia piscina olímpica, o que reduz o uso de água tratada e o impacto para a comunidade local. Além disso, há uma estação de tratamento dessa água para garantir que ela seja reutilizada quase que infinitamente para o uso durante o processo de lavagem do plástico”, relata Pedro Paulo.

A energia utilizada no processo produtivo é proveniente de fontes renováveis, mais uma alternativa para reduzir o impacto ambiental. “Por trabalharmos apenas com plástico usado, temos uma cadeia de fornecedores que prioriza empresas que fazem a separação de resíduos, assim como associações de catadores, sendo parte de uma rede importante de valorização social.”

De acordo com Pedro Paulo Barro, gerente geral da Ciclo, a produção da empresa chega a 60 toneladas por mês. Crédito: divulgação

Os conceitos de diversidade, equidade e igualdade, conceitos diretamente ligados à sustentabilidade, também figuram no dia a dia da empresa. O quadro de colaboradores é composto por aproximadamente 50% de funcionárias mulheres em todos os setores, inclusive no de produção, “além de uma quantidade considerável de pessoas acima de 40 anos”, detalha Pedro Paulo.

De acordo com Pedro Paulo, hoje, a Ciclo continua fazendo sacos, sacolas e lonas recicladas, cada vez com mais cuidado e buscando reduzir ainda mais o impacto ambiental. “As nossas sacolas emitem cerca de 70% menos CO2 do que uma sacola comum”.

Destinação correta para pneus inservíveis

Do processo de fabricação até ganharem as estradas, os pneus de carros de eio seguem uma longa jornada até serem considerados “inservíveis”, ou seja, até não poderem mais ser reformados ou recauchutados. Com uma vida útil que varia de 40 a 60 mil quilômetros, a depender de fatores como condições das vias, estilo de condução – quanto maior e mais forte a frenagem, menor a vida útil -, alinhamento, calibragem e até mesmo aspectos climáticos, entre outros, os pneus inservíveis representam um desafio ambiental significativo. Por não serem feitos de material biodegradável, além do impacto ao meio ambiente, o descarte incorreto pode contribuir também para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como a dengue e a chikungunya.

Na Pneuvix Ambiental, pneus inservíveis viram novos produtos por meio da reciclagem. Crédito: divulgação

Empreendimento inovador no Brasil, a capixaba Pneuvix Ambiental tem desenvolvido soluções sustentáveis para reciclagem desse tipo de resíduo. Em fevereiro deste ano, a empresa foi selecionada e reconhecida como o negócio com maior impacto social e ambiental entre as inscritas no Espírito Santo do “Impacta ES”, premiação realizada pelo Impact Hub e AGO Social com apoio do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/ES) e da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama).

Localizada em Cariacica, a empresa iniciou como pequeno negócio em 2019, proveniente de um projeto de inovação subvencionado pela Finep. Hoje, alguns anos após ser fundada, ou de pequeno negócio a empresa de médio porte, ampliando a sua área de atuação e buscando diversificar soluções para o prolongamento da vida útil dos constituintes do pneu.

A Pneuvix Ambiental já reciclou mais de 2 milhões de pneus inservíveis. Crédito: divulgação

Desde que foi criada, a empresa já reciclou mais de 2 milhões de pneus inservíveis. Por ano, a sua capacidade de reciclagem chega a 1,3 milhão de pneus, cujos componentes são reintroduzidos no mercado na forma de insumos para outros processos produtivos, contribuindo assim para gerar valor socioeconômico e contribuir com a economia circular.

O processo de reciclagem envolve o reaproveitamento de 100% do pneu, que é “desmembrado” entre os seus principais componentes: a borracha, o nylon e o aço. “Todos esses elementos ganham nova destinação e formato, como a borracha granulada e o aço reciclado – que podem ser empregados na produção de pisos de academia e playground, combustível, asfalto-borracha, anilhas de musculação, dentre outros inúmeros artefatos de borracha, cuja utilização é demandada para a fabricação de clínquer (matéria prima do cimento), indústrias de artefatos de borracha, siderúrgicas, entre outras”, explica Luiz Alberto Baptista, diretor executivo da empresa.

Segundo ele, um pneu pode levar cerca de 600 anos para se decompor na natureza. Quando queimado, libera uma fumaça com poluentes prejudiciais à qualidade do ar, como carbono e enxofre. Se lançados em áreas descobertas ou terrenos baldios, funcionam como criadouros de mosquitos, transmissores de doenças e, portanto, carecem da responsabilidade dos usuários em descartar corretamente os seus pneus em locais autorizados.

Novas oportunidades para pessoas

Mas, na Pneuvix Ambiental não se reciclam apenas pneus. A empresa também contribui para reconstruir futuros e gerar novas oportunidades de vida. Desde 2019, a organização participa do projeto “Ressocialização pelo Trabalho”, uma iniciativa do Governo do Estado do Espírito Santo por meio da Secretaria de Estado de Justiça (SEJUS) que busca oferecer oportunidades de emprego a pessoas que cumprem pena no sistema prisional. O objetivo é proporcionar qualificação profissional, gerar renda e reduzir a reincidência criminal, permitindo que os participantes adquiram habilidades e reconstruam as suas vidas de forma digna.

“Hoje temos 15 reeducandos atuando na empresa, mas outros 80 já aram por aqui como parte do projeto”, relata Luiz. Como resultado, a Pneuvix Ambiental foi reconhecida com o selo “Resgata”, da Secretaria Nacional de Políticas Prisionais (SENAPPEN) pela contratação de egressos do sistema prisional.

“O compromisso com a sustentabilidade, aliado à responsabilidade social, impulsiona a Pneuvix Ambiental a buscar ser uma empresa cada dia melhor para os capixabas”, explica Luiz.

Sustentabilidade e competitividade

De acordo com Fênix Collistet de Araújo, analista do Sebrae/ES, a sustentabilidade é uma ferramenta competitiva também para os pequenos negócios. Isso porque, segundo ela, a efetividade no uso dos recursos naturais se reverte em ganhos financeiros por meio da redução direta dos custos de produção.

“Quando um negócio demonstra efetividade no uso dos recursos naturais, o que, obviamente, vai trazer ganhos financeiros por meio da redução de custos de produção, em paralelo, ele demonstra também zelo com o meio ambiente e, portanto, uma preocupação com a responsabilidade social, já que a comunidade se beneficia do uso responsável dos recursos naturais”, explica.

Segundo ela, quando o empreendedor amplia um pouco mais o escopo das suas ações de sustentabilidade por meio do tratamento de um efluente, ou da destinação correta de resíduos, ou até mesmo com a destinação de resíduos para a reciclagem, por exemplo, “ele se aproxima ainda mais da comunidade, abrindo a possibilidade de potencializar a sua marca por meio dessas ações de sustentabilidade”, destaca.

-

INFORMAÇÕES PARA A IMPRENSA

Rogéria Gomes: (27) 99913-2720 / [email protected]

Ludmila Azevedo: (32) 98889-0675 / [email protected]

-

INFORMAÇÕES PARA EMPREENDEDORES

Central de Relacionamento Sebrae – 0800 570 0800

Os textos veiculados pela Agência Sebrae de Notícias – ES são produzidos pela Assessoria do Sebrae/ES e podem ser reproduzidos gratuitamente, apenas para fins jornalísticos, mediante a citação da Agência.

  • Empreendedorismo
  • Espírito Santo
  • Geração de emprego
  • Pequenos negócios
  • sustentabilidade